Isabel Borgas, NOS: «O fenómeno “the great resignation” está a acontecer»

Isabel Borgas, directora de Pessoas e Organização da NOS, acredita que «o fenómeno “The Great Resignation pode também vir a tornar-se uma realidade em Portugal, o que aumenta a pressão para encontrar caminhos ágeis e eficazes para atrair e reter o meu melhor talento.» Leia a sua análise aos resultados do XXXIX Barómetro Human Resources.

 

«O fenómeno “The Great Resignation” está a acontecer – e provavelmente com tendência para agudizar- se. Um estudo recente da McKinsey revela que, nos Estados Unidos, 40% dos colaboradores (41% em quadros qualificados) afirmam que existe alguma probabilidade de abandonarem o seu actual emprego no curto prazo e 64% das organizações apresentam uma maior taxa de rotação, com a expectativa de que se agrave nos próximos meses.

A verdade é que este fenómeno também já se sente de forma expressiva na Europa, levantando dúvidas sobre como virá a ser sentido em Portugal. Metade dos participantes no XXXIX Barómetro da Human Resources acredita que pode também vir a tornar-se uma tendência em Portugal, mas esporádica e sem grande expressão. Boas notícias! Ainda assim, não são despicientes os 21% que acreditam que também por cá será, muito rapidamente, uma realidade. Eu, confesso, encaixo-me neste grupo, sentindo como nunca anteriormente a pressão para encontrar caminhos ágeis e eficazes para atrair e reter o meu melhor talento.

Não é de hoje, é certo, a atracção de retenção de talento sempre foi uma prioridade para os responsáveis de Gestão de Pessoas – talvez, por isso, vemos sem surpresa que 69% dos respondentes do Barómetro identificam este tema como o grande desafio para 2022.

O que já traz novidade é o facto de os novos modelos de trabalho serem mais do que um simples tema de conversa, podendo inferir-se que se tornaram um factor relevante no processo de decisão das nossas pessoas sobre o seu futuro – 38% dos respondentes ao barómetro diz ser o factor que os profissionais mais valorizam nas empresas, para além de salário e benefícios. E são uma preocupação evidente para as organizações, com 20% dos inquiridos a considerá-lo um tema prioritário e urgente nas suas empresas.

O contexto que vivemos nos últimos dois anos acelerou, de forma inequívoca, tendências que já vinham a influenciar e desafiar as organizações, dando mais poder aos colaboradores para decidirem como, quando e onde querem trabalhar. Os repetidos confinamentos deram espaço para olharem com outras lentes para as suas prioridades e ambições de vida.

Os modelos tradicionais de desenvolvimento de carreira foram postos em causa, e as organizações até agora habituadas a gerirem com previsibilidade dão por si a “navegar à vista”, reinventando-se, experimentando e ajustando as estratégicas, para não perderem (quase) nada em “heart share”.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Janeiro (nº.133) da Human Resources, no âmbito da XXXIX edição do seu Barómetro.  Está nas bancas. Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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