Liderança e bem-estar: o papel dos líderes na promoção da saúde mental

A responsabilidade de criar um ambiente organizacional positivo recai muitas vezes sobre os líderes, uma vez que estes são a janela para aquele que é o tom, os valores e as práticas que permeiam toda a empresa e os seus profissionais. Neste sentido, e para conseguir desempenhar esta função de forma positiva, é importante que estes procurem adoptar políticas e práticas que fomentem o bem-estar dos colaboradores, alinhadas, o mais possível, com as políticas corporativas.

Por Cláudia Cerqueira, Customer Success manager e coach da GoodHabitz

 

O ponto de partida para a garantia de um ambiente livre de stress poderá estar na promoção de uma comunicação aberta e transparente, que demonstre empatia e disponibilidade para ouvir e para que os colaboradores se sintam confortáveis para partilhar os seus pensamentos e emoções. Segundo os resultados do mais recente estudo da GoodHabitz, que procura compreender a evolução do panorama da saúde mental e retirar conclusões sobre os vários aspectos que contribuem para o bem-estar dos colaboradores, 73% dos trabalhadores lutam contra o stress e o esgotamento em silêncio, à escala mundial. No caso específico português, 21% dos profissionais assumiram que se debateram com sintomas fortes de stress ou burnout ao longo do último ano.

Os resultados demonstram também que 85% dos profissionais considera que a oferta de oportunidades de desenvolvimento pessoal por parte da entidade empregadora teria um impacto positivo na melhoria da sua felicidade no trabalho, sendo que 40% acham que a sua organização actual não investe internamente em oportunidades de carreira futuras. Neste sentido, outra das práticas que deve ser adoptada pelos líderes passa pela oferta destas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional, numa lógica de aprendizagem contínua e personalizada às necessidades de cada colaborador. Estas ofertas de formação e desenvolvimento pessoal podem estar relacionadas com a função profissional desempenhada, mas também com soft skills que possam auxiliar no desempenho dos colaboradores em questões do foro mais pessoal, como a gestão de tempo, vitalidade e outros. Esta é uma forma prática de ir ao encontro das necessidades de cada colaborador, de forma individualizada, que se pode centrar no desenvolvimento de competências técnicas, mas também de competências comportamentais.

Ainda numa lógica de gestão de stress, é importante oferecer ferramentas aos profissionais que permitam fazer esta gestão, com vista ao equilíbrio entre todos os cenários emocionais que se apresentam diariamente em todas as dimensões mais ou menos exigentes do quotidiano. Consultas de apoio psicológico ou a organização de workshops são alguns exemplos de intervenções/actividades que permitem que os profissionais possam identificar sintomas e sinais de alerta e ter um papel (preventivo) activo sobre os mesmos.

Para além destas dicas, é importante liderar pelo exemplo, uma vez que os líderes não promovem apenas o bem-estar dos profissionais, mas também modelam o comportamento adoptado na empresa como um todo. Assim, é importante demonstrar práticas saudáveis, gerir o tempo de forma eficaz e respeitar os limites pessoais dos colaboradores.

Precisamente pelo papel fundamental dos líderes nesta gestão, torna-se cada vez mais importante investir na formação dos líderes, de forma a dotá-los de ferramentas e desenvolver capacidades de liderança, em linha com o que foi descrito e adaptadas às exigências das interacções profissionais actuais. Para garantir o bom funcionamento das organizações, é necessário existirem líderes bem preparados para enfrentar os desafios que vão surgindo e que marcam presença nas agendas corporativas e inspirar as suas equipas. Apostar na formação de líderes é investir na geração que vai ser responsável por tomar decisões baseadas na adaptabilidade, empatia e inovação e, inerentemente, impactar a felicidade e bem-estar dos profissionais.

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