Número de colaboradores “apáticos” que não aparecem no trabalho está a aumentar

No Reino Unido as empresas estão a enfrentar uma onda de colaboradores “apáticos” e com problemas mentais que, simplesmente, não aparecem no local de trabalho, revelou um advogado especialista em direito laboral ao The Telegraph. 

 

Nick Hurley, sócio e head de Contratação da Charles Russell Speechlys, contou que o número de empresas que procuram aconselhamento sobre o que fazer em relação a ausências inexplicáveis dos trabalhadores mais do que triplicou desde a pandemia.

Hurley disse ao The Telegraph: «O que notámos é que nos sectores onde talvez os salários e as competências sejam um pouco mais baixos, há um aumento definitivo no número de colaboradores que simplesmente não aparecem para trabalhar – e deixam o empregador na mão.»

Este aumento acentuado reflecte «a crescente preponderância do tema de saúde mental» e um «sentimento de apatia» entre os trabalhadores, que muitas vezes são mais jovens, esclarece, acrescentando que a questão é mais grave em sectores como retalho e hotelaria.

Condições como depressão e ansiedade tornaram-se mais generalizadas desde a pandemia, especialmente entre os jovens, e contribuíram para o aumento no número de desempregados devido a doenças prolongadas, que atingiu um recorde de 2,8 milhões.

Hurley disse que o aumento no número de colaboradores ausentes também foi impulsionado por profissionais que se sentiam confiantes de que poderiam «arranjar trabalho noutro lugar rapidamente».

Uma mudança pós-Covid para «modelos de trabalho mais permissivos” também trouxe uma «maior probabilidade de as pessoas enganarem os seus empregadores e obterem algumas vantagens», acrescentou.

Em consequência de tudo isto, as empresas enfrentam custos elevados por terem de procurar aconselhamento jurídico sobre as suas opções disciplinares e arranjar substitutos de última hora.

Anda que não haja dados oficiais, um inquérito de 2022 a 158 empresas que empregavam colectivamente mais de 300 mil colaboradores revelou que, desde a pandemia, um em cada três locais de trabalho tinha tomado medidas disciplinares formais devido a ausências não autorizadas.

Além do apoio legal, as empresas também estão a procurar mais aconselhamento sobre saúde mental.

Meriel Schindler, head de Contratação da Withers, afirmou: «Tem havido um aumento nas perguntas dos empregadores sobre como lidar com problemas de saúde mental no local de trabalho. Os empregadores estão a ter de lidar com coisas com as quais não costumavam lidar, incluindo problemas muito sérios.»

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