Os horários de trabalho e as horas que trabalhamos!

Por Ricardo Florêncio

Recorrentemente saem notícias e relatórios sobre os horários de trabalho praticados na Europa. E olhando para os mesmos a frio, e apenas para as métricas, conclui-se de imediato que somos dos países em que mais se trabalha na Europa. Certo? Não, errado! Seremos porventura dos países em que os horários de trabalho que constam nos nossos contratos são mais compridos. Seremos talvez dos países em que as pessoas passam mais tempo no seu local de trabalho. Daí a sermos dos países em que as pessoas mais trabalham, vai uma distância enorme. A questão prende-se essencialmente com a nossa cultura e o modo de funcionar em Portugal. Não somos dos mais produtivos, pois temos índices mais altos de ineficiência. Perdemos muito tempo no nosso dia-a-dia no trabalho. Muito tempo esse que, bem-direccionado e bem aproveitado, poderia levar a que pudéssemos diminuir os horários de trabalho habitualmente praticados no nosso país. É uma questão de gestão, uma questão de nos orientarmos para objectivos, nos centrarmos e nos focalizarmos. E deixar a demagogia de fora. E isto não tem a ver com portugueses, pois não deixo de salientar que somos dos mais bem-conceituados e eficientes quando trabalhamos além-fronteiras. Tem a ver com a nossa cultura nos locais de trabalho. E é algo que temos de mudar!

Editorial publicado na revista Human Resources nº 106 de Outubro de 2019