Parábolas do Recrutamento: A verdade por detrás das Máscaras

Seguir à risca o que se pensa que os recrutadores querem ouvir numa entrevista de emprego pode ser perigoso!

Por Joana Russinho, People Enthusiast, head of Human Resources

Há dias em que, do lado de quem entrevista, só se ouvem respostas cliché: “Procuro um novo desafio porque quero mudar de setor”; “sou perfeccionista e teimoso”; “sou proativo”; “trabalho bem sob pressão”; “gosto do stress”; “adapto-me bem a novos ambientes”; “sou um conciliador”; “não ouço a rádio alcatifa”; “gosto de qualquer chefia com quem possa aprender”; “adoro trabalhar em equipa”… que em nada fazem prever qual será o valor acrescentado de determinada pessoa para a empresa.

Deixem-me dizer-vos uma coisa: não existem candidatos perfeitos. Existem:

  1. bons candidatos para a função;
  2. maus candidatos para a função a que se estão a candidatar, mas bons para outras;
  3. e bons candidatos-atores.

Optar pelo último estilo pode trazer danos colaterais. Relembremo-los em jeito de parábolas:

  1. O Rei vai nu: Ninguém se mantém como ator durante muito tempo (exceto os profissionais, felizmente, porque ser coerente na mentira e no desempenho é penoso. E quando a máscara cai, e a empresa percebe que foi enganada, adeus a boas possíveis referências. A honestidade e a autenticidade são fundamentais para construir uma reputação profissional sólida e sustentável. Fingir ser alguém que não somos pode levar a consequências sérias quando a verdade vem à tona.
  2. Lobo em pele de cordeiro: Se um candidato é contratado com base em informações falsas, ou sobrevalorizadas, no que respeita às suas competências e experiência profissional, e até de personalidade, é provável que não seja capaz de desempenhar eficazmente o trabalho. É essencial que os candidatos se apresentem de maneira honesta para garantir um ajuste adequado e um ambiente de trabalho produtivo.
  3. O Homem que Vendeu a Sua Alma ao Diabo: Quando se alteram preferências, competências, ou se finge um estilo de trabalho apenas para agradar, e tentar uma adaptação artificial às expectativas da empresa apenas para garantir um emprego, há um perigo grande. Esta estratégia pode levar a um desajuste cultural significativo e à falta de realização pessoal e profissional. É crucial que os candidatos procurem oportunidades que correspondam não apenas às suas competências técnicas, mas também aos seus valores e expectativas de carreira.
  4. O Joio e o Trigo: A falta de genuinidade pode afetar negativamente a cultura organizacional. candidatos que não são autênticos podem ter dificuldade em se integrar e contribuir de maneira construtiva, afetando o ambiente de trabalho como um todo. Portanto, a transparência e a honestidade desde o processo de recrutamento são cruciais para criar um ambiente organizacional saudável.
  5. A Tartaruga e a Lebre: Para a empresa, o processo de recrutamento consome tempo, recursos e esforço significativos. Contratar alguém que não é genuíno pode resultar na necessidade de reiniciar o processo de contratação, o que é ineficiente e frustrante tanto para a empresa quanto para o candidato. Portanto, investir em um processo de recrutamento baseado na autenticidade e na adequação cultural é essencial para evitar desperdícios e promover resultados positivos a longo prazo.

Em suma, fica o alerta sobre os perigos de agir de forma não autêntica durante o processo de recrutamento, destacando os impactos negativos tanto para os candidatos quanto para as empresas. Promover a honestidade e a transparência desde o início pode ajudar a construir relacionamentos profissionais duradouros e mutuamente benéficos. O mundo é uma ervilha, mais cedo ou mais tarde, acabaremos por nos (re)encontrar.

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