Quem não ouve é como quem não sabe. E isso pode custar-lhe os seus melhores talentos

Não ter em consideração o que os profissionais querem é meio caminho andado para se perder o talento mais relevante e necessário para enfrentar os desafios actuais e futuros.

 

Por Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida HR Consulting, head of Consulting

 

As alterações no status quo de como trabalhamos, onde trabalhamos, com quem trabalhamos, bem como porque trabalhamos e com que meios, vieram para ficar. Após a aceleração deste ritmo de mudança com a situação pandémica mundial, vamos assistindo à consolidação das mesmas, acompanhada por novos acontecimentos, como são o caso das tendências inflacionistas e dos impactos de uma guerra na Europa do Leste, de duração imprevisível e impactos em termos económicos, financeiros e na segurança mundial.

É neste ambiente incerto e altamente competitivo que os gestores terão de orientar as suas organizações e pessoas, o que ainda é dificultado por uma enorme falta de talento disponível no mercado para novas funções, bem como para outras já existentes.

Neste contexto, “quem não ouve é como quem não sabe”, já que não tomar conhecimento das opiniões, ambições e sentimentos face à situação organizacional nos seus mais variados domínios é meio caminho andado para se perder o talento mais relevante e necessário para enfrentar os desafios.

Neste sentido, continuaremos a verificar o trabalho fortemente associado ao bem-estar dos colaboradores, não como um benefício, mas antes como uma oportunidade competitiva para atrair e reter o talento necessário para atingir os objectivos organizacionais e de negócio. Assim, o papel das organizações a suportar os colaboradores na sua vida profissional e pessoal, promovendo o seu bem-estar físico, emocional, financeiro e de desenvolvimento de carreira, continuará a assumir uma relevância iniciada com a pandemia, ao ponto de ter levado a um repensar de políticas, nomeadamente através do alargamento das mesmas e das condições ao agregado familiar, por exemplo através de seguros de saúde mais abrangentes, apoios à educação, planeamento financeiro e reforma, entre outras.

Por outro lado, o modelo de “anywhere work productivity” expande-se e requer práticas, ferramentas e competências que suportem a colaboração virtual, a digitalização, a constante conectividade e comunicação, bem como a gestão ágil, próxima e personalizada de pessoas e equipas.

As competências e capacidades comprovadas de cada indivíduo tornam-se centrais nos processos de contratação e de rápida adaptação, mediante o reskilling e upskilling, via soluções de continuous learning. Isto garante a relevância desses mesmos indivíduos no mercado de trabalho e, associada à maior longevidade humana, possibilita a normalização de múltiplas e variadas carreiras ao longo da vida activa.

Conduzir com sucesso as organizações neste ambiente volátil, incerto e exigente requer dos seus líderes visão e atenção às evoluções, assim como o desenvolvimento de competências relacionadas com a empatia, a transparência e a comunicação, o digital e a resiliência (por exemplo, resolução de problemas, optimismo e controlo emocional), mostrando às suas equipas e potenciais colaboradores que existe lugar para as suas particularidades, competências e potencial, capitalizando-os em prol dos resultados e do seu bem-estar.

É neste mesmo contexto que a 7.ª edição do Índice da Excelência, já aberta à inscrição de participantes em www. indicedaexcelencia.com, assume ajustes, especificamente no que se refere à adaptação das questões de aferição das práticas e políticas vigentes à luz destas tendências, por forma a continuar a disponibilizar informação de mercado e do estado actual das organizações, que permita suportar a tomada de decisão e a priorização de iniciativas, promovendo a excelência, assim como a atracção e retenção dos talentos adequados a cada realidade.

 

Este artigo foi publicado na edição de Setembro (nº. 141) da Human Resources, na rúbrica tendências 360. Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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