Saúde mental: a importância de pedir ajuda

A pandemia e o trabalho remoto levaram ao aumento do tempo que os portugueses passam nas suas casas e, este contexto, tem levado as empresas a olhar de maneira diferente para a temática da saúde mental.

Afinal, segundo a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica (22,9%). A mesma entidade revela ainda que, Portugal, é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa (18,4%), sendo apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte (23,1%). Cerca de 4% da população portuguesa adulta apresenta uma perturbação mental grave, 11,6% uma perturbação de gravidade moderada e 7,3% uma perturbação de gravidade ligeira, refere a SPPSM. Estes números corroboram o facto de Portugal, segundo o relatório Millennials: Digital Natives Disrupting Healthcare,  ser o primeiro país europeu no consumo de benzodiazepinas – tranquilizantes mais frequentes ou ansiolíticos.

Nove anos depois destes números, e com uma pandemia pelo meio, que pode tê-los feito aumentar, o tema da saúde mental ganha uma relevância acrescida, desta vez com uma atenção redobrada por parte das empresas. O trabalho remoto, apesar das suas vantagens, pode também criar as condições perfeitas para o desenvolvimento de depressão, stress e fadiga mental, entre outras perturbações. E, infelizmente, o tema da saúde mental continua a estar associado a um estigma social que faz com que as pessoas sintam vergonha e se isolem, ainda mais, dos outros e do mundo exterior.

Este é um problema que pode tornar-se grave, principalmente pela enorme importância que as relações sociais assumem na saúde mental, na saúde física e no risco de mortalidade. Estar próximo dos outros, dizem os especialistas, dá ao indivíduo um propósito e um sentimento de pertença, o que por sua vez pode contribuir para a longevidade e para a felicidade. O inverso, a solidão, pode levar a estados depressivos com potencial para se tornarem graves.

É por isso que os especialistas avisam que, se tiver dúvidas se está ou não perante mais do que um mero estado de tristeza, o melhor é mesmo pedir ajuda. A intervenção psicológica pode ser particularmente útil para lidar com perturbações do foro mental, mas há uma componente preventiva que só depende de quem está a atravessar esta fase. Quando as emoções negativas têm impacto na vida das pessoas, é importante procurar ajuda para prevenir o desenvolvimento de situações mais graves.

Infelizmente, nem sempre este pedido de ajuda precoce existe. De acordo com estudo o estudo “A Saúde dos Portugueses – Um BI em nome próprio”, realizado no âmbito dos 25 anos da Médis, 7% dos portugueses inquiridos têm uma doença mental diagnosticada e 75% admitem resistência em pedir ajuda no caso de doenças do foro mental. Além disso, 11% dos inquiridos, que embora não tenham nenhuma doença diagnosticada (física ou mental), revelam sentir não ter controlo sobre a sua saúde por questões do foro psicológico. Destes, 55% atribuem esse sentimento à pandemia.

O estudo indica, ainda, que existe uma «tentativa de fuga» do rótulo de “doença mental”, uma vez que, 66% dos inquiridos com doença mental diagnosticada reconhecem que a sociedade discrimina algumas doenças, nomeadamente, as mentais. Por este motivo, o estudo pondera a hipótese de que a relação entre a dimensão real do problema da saúde mental possa ser superior à atenção que lhe é prestada.

Pedir ajuda é, por isso, fundamental para a resolução do problema. Além do mais, sem os tratamentos adequados as doenças mentais podem ter um efeito extremamente profundo na vida das pessoas, resultando, muitas vezes, também numa saúde física mais débil.

Tanto a saúde mental como a saúde física são duas vertentes fundamentais e indissociáveis da saúde. Afinal, mente sã, corpo são. Posto isto, o primeiro passo é pedir ajuda e não ignorar o que sente. A Médis comparticipa consultas de psiquiatria na maioria dos seguros com cobertura de ambulatório e disponibiliza uma rede de descontos em consultas de psicologia presenciais e por videochamada.

É possível também encontrar ajuda junto do Serviço Nacional de Saúde – através dos Centros de Saúde ou das Unidades de Saúde Familiar – ou da linha Saúde 24 (808 24 24 24). Também pode optar por consultar directamente um psicólogo ou um psiquiatra. O importante é mesmo pedir ajuda.

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