Um país de doutores e engenheiros. Que não é para velhos

Numa “ponta”, os jovens. Na outra, os seniores. O foco das atenções das empresas está claramente nos primeiros, mas, tendo em conta aquela que é a realidade dos países desenvolvidos – baixa natalidade e aumento da esperança média de vida –, não se devia começar a equilibrar mais a balança?

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

As empresas vão às universidades, logo aos primeiros anos, “namorar” os jovens, precisamente porque são “um bem” cada vez mais escasso, muitas vezes perdido “lá para fora”. Mas muitos não têm as competências que procuram. Estão em cursos sem empregabilidade. E os que não estão nas universidades? Porque não se investe mais em escolas profissionais? Porque têm todos de ser “doutores” ou “engenheiros”? É disso que o País – e as empresas – precisa? Já nem se pode usar a justificação dos “melhores salários” e do “emprego para a vida”.

Mas, no que respeita aos jovens, é preciso começar a olhar mais para trás. Não colocar o foco só nas universidades. É preciso começar a preparação das novas gerações para o futuro do trabalho mais cedo no seu percurso. E olhar para o sistema de ensino. Para a forma de ensinar e para o que é ensinado. As competências que estão a ser desenvolvidas nas escolas são as identificadas no relatório “The Future of Jobs”, do Fórum Económico Mundial, como as mais relevantes? Destacando só as do top 5 a resposta não será difícil: pensamento analítico; criatividade; resiliência, flexibilidade e agilidade; motivação e autoconsciência; curiosidade e aprendizagem ao longo da vida.

As evidências mostram que, em termos de atracção e fidelização de talento, os esforços (até uma maior cedência às exigências) se concentram em quem está no início de carreira. Mas e os que estão mais próximo do fim de carreira? São em maior quantidade, há interesse em que não “pesem” na Segurança Social e, mais importante, têm compromisso, lealdade e conhecimento. Pode não ser em novas tecnologias (que podem aprender), mas nem por isso deverão ser menos importante para as empresas. Convém não os esquecer. Vão ser precisos.

O almoço contou com a presença dos conselheiros: Ana Gama Marques (Altice); Ana Porfírio (Jaba Recordati), Ana Rita Lopes (Delta Cafés/Grupo Nabeiro), Isabel Heitor (ANA Aeroportos), Marco Serrão (Galp), Maria Kol (Microsoft), Nuno Troni (Randstad), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida HR Consulting) e Susana Silva (El Corte Inglés).

Almoço do Conselho Editorial da Human Resources, artigo publicado n.º 160, de Abril de 2024

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