Uma equipa de piratas onde ética é a palavra-chave

Num mercado «muito pouco transparente», auto-intitulam-se “ethic hackers”. Na Wise Pirates, desafia-se o status quo, «criando novos caminhos e formas de acrescentar valor, sem nunca ceder um milímetro» nos seus valores. Procuram piratas curiosos, que queiram explorar o desconhecido. Em troca, garantem uma «preocupação genuína» com a sua satisfação.

 

Por Tânia Reis

 

Incluída, em 2022, no “Top 10 Fastest Growing Companies”, da Business Chiefs Insights, a Wise Pirates protagoniza um crescimento de 70% há cinco anos consecutivos. A odisseia desta agência de Marketing Digital portuguesa começou em 2017 e foi a consciência de que tinham «de ser diferentes, de chegar primeiro que todos os outros, e de evoluir de forma rápida e ágil» que os trouxe até aqui.

«Quando chegámos ao mercado, tentámos posicionarmo-nos de uma forma distinta de todos os outros players, muito orientado para performance e data, com uma forte componente de negócio», recorda Paula Rodrigues, Chief People Officer (CPO), para poderem «crescer e ter relevância, num mercado já a transbordar das típicas agências de Marketing Digital».

Trabalhando com os clientes «numa lógica de parceria e partilha de conhecimento e, ao mesmo tempo, de desenvolvimento do talento que, naturalmente, entra e sai da empresa», procuram contribuir positivamente para o ecossistema, num mercado português que «evolui sempre mais tarde, e com pouca maturidade digital, quando comparado com outros na União Europeia», faz notar a responsável. «Em qualquer caso, o mercado evoluiu para o lado de performance e dados, e também para o lado da IA Generativa, onde a Wise Pirates tem sido first mover a nível europeu.»

A missão é clara e simples. «Para os clientes, mais do que uma agência, queremos ser uma extensão da equipa do cliente, e que possamos contribuir de uma forma muito positiva para a evolução e crescimento de cada um deles», afirma Paula Rodrigues. Para a “tripulação”, almejam ser um local de trabalho que lhes permita «ter equilíbrio, onde sentem que são ouvidos, considerados e reconhecidos, que são importantes individualmente e que, acima de tudo, lhes proporciona um ambiente onde podem crescer, evoluir e atingir os seus sonhos profissionais, num contexto de desenvolvimento e de colaboração. O que queremos, no fundo, é que todo o ecossistema cresça com a nossa ajuda: tanto os nossos piratas, como os clientes, como também a comunidade, e que todos sintam que contribuem para algo maior», atesta.

Melhorar o digital de Portugal como um todo e contribuir para a evolução de pessoas nas suas várias dimensões é um elemento central dos valores que a Wise Pirates pretende acrescentar na sociedade, objectivo aliás alinhado com um dos propósitos de “create meaningful impacts”.

Num mercado que, «por si, é muito pouco transparente», auto-intitulam-se “ethic hackers”, e Paula Rodrigues explica os motivos. «Procuramos ter a parte positiva dos piratas, adicionando layers de ética que garantam o melhor dos dois mundos: aquele em que encontramos sempre uma solução e nunca desistirmos até ganhar, com aquele em que nunca quebramos os nossos exigentes valores. Quando falamos em ética, estamos a falar de aspectos mais positivos associados àquilo que chamamos de pirataria. Os piratas são leais e assumem o compromisso até ao fim.»

É essa ética que tentam transpor para os serviços disponibilizados, «os clientes sabem que podem contar com a empresa e que vão encontrar uma solução para todos os desafios que surgirem ao longo dessa viagem juntos». Actuando num sector em que «os players têm tido historicamente modelos de remuneração de pouca transparência e ética duvidosa», assumem-se como “hackers” precisamente por causa dessa «busca constante de soluções ágeis, caminhos mais rápidos e menos percorridos. Desafiamos o status quo, criando novos caminhos e formas de acrescentar valor, sem nunca ceder um milímetro nos nossos valores», reitera a responsável de Pessoas.

 

A urgência de encontrar o talento certo
Ainda que a pandemia tenha trazido alguma evolução na área digital, Paula Rodrigues não considera que as empresas em Portugal sejam digitalmente maduras – «a maturidade está, na maioria dos casos, em estágios não muito desenvolvidos, em especial nas PME» – e defende que há um longo caminho a desbravar. «Esta transformação vai passar muito por encontrar o talento certo, e encontrar os parceiros ideais para percorrer esse caminho», refere, lamentando que «o PRR não esteja, de facto, a ser utilizado para ajudar as empresas na capacitação essencial à maturidade, sobretudo na formação certificada de pessoas».

Assim, o foco está no desenvolvimento de «uma cultura de empreendedorismo dentro da equipa». Trabalhando a Wise Pirates com competências recentes e com mudanças e actualizações constantes, Paula Rodrigues reconhece que «é crucial encontrar pessoas com elevado potencial, que saibam e queiram estar sempre a aprender, com fit cultural e beginner’s mindset». Por isso, quando a equipa fala em perfomance, fala no seu maior objectivo com as empresas: «Não é optimizar campanhas ou uma coisa específica e detalhada, mas ajudar a fazer crescer os seus negócios, refazer a sua proposta de valor, e criar layers de crescimento, de digital readiness e de internacionalização completamente ímpares.»

Esses objectivos são alcançados numa equipa «bastante diversificada e equilibrada, em termos de experiências e background ». Num universo de mais de uma centena de colaboradores, 58% de homens e 47% de mulheres, mais de metade da liderança é composta por mulheres e a média de idade ronda os 30 anos. «É uma equipa jovem, pois trabalhamos num sector em que é importante ser nativo digital, mas com diversidade em termos etários, com representantes de cinco décadas a trabalhar lado a lado, o que permite uma partilha de experiências muito rica e inclusiva, e uma aceleração explosiva transdisciplinar », garante a gestora.

 

Pessoas mais informadas e exigentes
Em vez de tentar implementar os “benefícios ideais” para promover a fidelização, a estratégia de Gestão de Pessoas da Wise Pirates adopta uma linha de pensamento «mais orgânica e autêntica, que segue uma lógica de, antes de mais, verdadeira preocupação com as pessoas – com o que elas pensam, quais os seus objectivos, qual o cenário ideal para elas». Assegurando uma optimização de satisfação de clientes e pessoas, e satisfação de ambas as partes, «tudo o resto que sucede é mais fácil», acredita Paula Rodrigues.

Um dos exemplos foi o movimento para a implementação de trabalho híbrido. «Fomos dos primeiros movers em Portugal e, conscientes do risco que poderia advir dessa acção, fizemo-lo sem medos.» Passados três anos, essa decisão e modelo – que se manteve estável – trouxe elevada satisfação para 89% dos colaboradores, e até melhoria de desempenho. «Esta abordagem envolve a criação e implementação de modelos e mecanismos de constante auscultação da equipa, de feedback como ponto de partida para a acção, de conhecimento do que é único em cada pirata para se poder personalizar a experiência de cada um.»

Para a directora de Pessoas, «há efectivamente um gap de talento no digital que, em vez de diminuir, está a aumentar de ano para ano». Tal deve-se a um simples factor – «não há pessoas suficientes em Portugal para colmatar as necessidades do mercado» –, que acaba por ser «acelerado por outros países que contratam talento cá. Actualmente, qualquer pessoa pode trabalhar de qualquer lugar para qualquer parte do mundo. E é óbvio que isso afecta a forma como o talento navega dentro do mercado de trabalho.»

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Agosto (nº. 152) da Human Resources, nas bancas. 

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