“Women IT”: Tabaqueira convida Microsoft para falar sobre o papel das mulheres no sector das TI

No final da semana passada, a Tabaqueira, subsidiária da Philip Morris International (PMI) em Portugal, convidou a Microsoft para uma conversa aberta e inspiradora sobre a necessidade de uma maior participação de mulheres nas funções relacionadas com as engenharias e as tecnologias de informação. O evento teve lugar no IT HUB da PMI, em Albarraque, e foi transmitido em streaming para ambas as empresas.

 

 

Partilhando o desafio de grandes empresas que operam na área das tecnologias, neste primeiro encontro “Women IT”, promovido pela Tabaqueira para debater estratégias que contribuam para mitigar o fosso entre homens e mulheres nestes sectores, convidando para a reflexão a Microsoft, ambas as empresas partilharam experiências sobre os desafios de atracção de talento feminino assim como sobre a importância e vantagens de um ambiente de trabalho diverso e inclusivo. E essas experiências foram contadas na primeira pessoa, por mulheres que trabalham na área de tecnologia.

A partir do centro de competências que a PMI instalou em Portugal, o IT Hub (que desenvolve aplicações de software para toda a cadeia de valor da PMI, nos mais diversos mercados internacionais), o evento contou com a presença de Inês Pereira, Manager IT Espanha e Portugal da PMI, Sabrina Leis, IT Program Manager da PMI, assim como Sandra Gil Mateus, Public Sector Account Executive – Health Lead e Elisabete Vicente, Industry Solutions Consulting Practice Lead for Enterprise, da Microsoft Portugal.

Com o objectivo de identificar e analisar estratégias para mitigar este gender gap e contribuir positivamente para a captação e retenção de talento feminino, as quatro convidadas partilharam experiências, reflectiram sobre a situação actual e apontaram caminhos para um futuro mais diverso e inclusivo, numa missão com um objetivo comum: trazer mais mulheres para um sector que só tem a ganhar com a diversidade, equidade e inclusão.

Abrindo o fórum e a temática, Julia Denzel, manager People and Culture da PMI para o mercado português, reforçou a importância da diversidade (não só de género, mas de nacionalidades também, entre outras) à volta da mesa, salientando que a diversidade vem com inclusão e é um caminho, não acontece de um dia para outro. «Em áreas tão específicas como TI é mais difícil garantir o balanço entre homens e mulheres. Temos noção deste gap e queremos fazer diferente. Através de parcerias, como esta com a Microsoft, aprendemos uns com os outros, para sermos todos mais fortes», adiantou.

Num universo de 1500 colaboradores e de acordo com o mais recente Relatório de Sustentabilidade, relativo a 2022, na Tabaqueira, 48% dos cargos de gestão no mercado português já são ocupados por mulheres (a nível internacional a meta é 40%). Este valor torna-se ainda mais relevante quando se percebe que  36% dos trabalhadores da Tabaqueira em Portugal são mulheres e que esta é uma percentagem que tem crescido todos os anos.

A manager People and Culture da PMI para o mercado português referiu, ainda, que a PMI, incluindo a Tabaqueira, é certificada pela fundação Equal Pay, que garante que todos os homens e mulheres numa mesma organização e ocupando as mesmas funções recebem exactamente o mesmo salário. Aliás, garantir a equidade de oportunidades a todos os seus trabalhadores é uma das prioridades da organização, que, em maio de 2022, anunciou ter atingido 40% dos cargos de gestão ocupados por mulheres.

Nesse sentido, e de acordo com Julia Denzel, «o lançamento deste formato “Women IT” torna-se a plataforma para os nossos diálogos e estamos muito honrados por ter o primeiro com a Microsoft».

 

Diversidade e inclusão: Desafios e oportunidades, na primeira pessoa

Sandra Gil Mateus, da Microsoft Portugal, começou por admitir que são necessárias mais mulheres no sector de TI da empresa. Através de exemplos como Ada Lovelace, considerada a primeira mulher programadora informática, ou da importância do trabalho de várias mulheres nos primórdios da NASA na década de 1960, a Public Sector Account Executive – Health Lead da Microsoft mostrou porque é que é errada a ideia de que a tecnologia é um negócio de homens. A mesma responsável falou, ainda, da ausência de mulheres nos sectores de investigação tecnológica e de como isso pode condicionar o sucesso dos mesmos.

Acreditando que quadros de gestão de empresas com maior diversidade geram mais inovação e isso significa mais negócio, a igualdade não significa, no entanto, que homens e mulheres devem fazer a mesma coisa. «Homens e mulheres são diferentes e essa diferenciação deve ser respeitada. Precisamos trazer essas diferenças para as empresas, pois se estamos a fazer tecnologia para “todos”, então temos de ter “todos” nas equipas», adiantou.

O que podem, então, as empresas fazer? «É necessário tomar uma posição e criar lugares à mesa para que mulheres possam sentar-se. Por outro lado, é essencial encorajar o network, pois temos muito a aprender uns com os outros, e ser um verdadeiro parceiro, encorajando os outros a acrescer e a buscar oportunidades. Além disso, é necessário não esquecer a importância da educação sobre a igualdade de género», sublinhou. Individualmente, «devemos ser um role model nesta diversidade, sempre. Não só no trabalho, mas também na vida pessoal, com amigos e família», acrescentou.

Para Elisabete Vicente, Industry Solutions Consulting Practice Lead for Enterprise da Microsoft Portugal, a diversidade é uma questão de business performance. «Quando criamos diversidade, temos produtos melhores e uma melhor aproximação ao mercado». Nesse sentido, a empresa tem apostado em diversos programas para mostrar tecnologia às mulheres, muitas vezes através de uma abordagem holística, sem nunca esquecer que «este é um caminho sem fim».

Natural da Argentina e tendo já vivido em diversos países, Sabrina Leis, IT Program Manager da PMI, reforçou a importância da diversidade de culturas e do respeito que é necessário ter por cada uma delas, sendo essencial ter uma network local, através da qual possam ajudar-se mutuamente, possam ouvir e ser ouvidas sobre vida pessoal e profissional, e criar uma ligação.

Inês Pereira, Manager IT Espanha e Portugal da PMI, vincou a importância de programas de formação, disponíveis para criar novas perspectivas e aprender com outras pessoas. «Ao longo dos meus 20 anos nesta empresa, existiram vários programas que me ajudaram a ganhar novas visões, assim como encontrar role models que me permitiram aprender com eles. Não temos todas as respostas e precisamos ouvir pessoas que dêem outra perspectiva. A Tabaqueira está a fazê-lo através da igualdade de salários e de acções para criar awareness e educação para a DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão). Existem, também, grupos de apoio e é fundamental a ligação com as universidades, porque esta educação começa antes. As transformações levam tempo, mas ajuda se realmente acreditarmos na mudança».

Este é um caminho que a Tabaqueira já está a fazer. Em 2022, a organização avançou com a criação de grupos de trabalhadores – Employee Resource Groups (ERG) – que pretendem promover o diálogo sobre questões de género, como o Women’s Inspiration Network – WIN. O grupo WIN tem como missão reforçar o papel da Tabaqueira enquanto espaço de trabalho onde as mulheres podem construir a sua carreira, promovendo o apoio entre elas e o envolvimento de todos os géneros, para a promoção de oportunidades iguais para todos.

Também na Microsoft são diversas as iniciativas em matéria de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). Todos os colaboradores são desafiados a definir um objectivo anual de desempenho relacionado com a DEI, conhecido como a ‘Prioridade Básica’, que inclui uma discussão intencional com a sua chefia sobre como podem tornar a si próprios, a empresa e o mundo mais inclusivos. Por outro lado, a empresa ausculta, frequentemente, os seus colaboradores, utilizando a informação apurada para ajustar e inovar em DEI. Desde 1989, os ERG da Microsoft têm sido uma ferramenta essencial para a ligação, apoio e inclusão de todos os colaboradores.

 

Rumo a um futuro melhor

Movidas pelas realidades das suas organizações e departamentos onde desenvolvem as suas áreas profissionais, as quatro convidadas deixaram algumas propostas para mitigação do gap gender na área de TI, entre quais se destacam: adopção de políticas de recrutamento e selecção sem tendência de género, disponibilização de formação a mulheres, programas de mentoria e liderança feminina, salários e benefícios justos e compatíveis com o mercado, incentivo à participação das mulheres em projectos estratégicos e inovadores, estímulo à harmonia entre a vida profissional e pessoal, combate ao assédio e violência no ambiente de trabalho, e monitorização dos indicadores de género e resultados das acções implementadas.

Cientes de que as organizações estão cada vez mais empenhadas na criação de um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário, as quatro oradoras foram unânimes de que é necessário mudar a narrativa e a transformação começa a nível individual, alastrando depois para a equipa, família e amigos. Nesse sentido, as quatro profissionais deixaram conselhos mais pessoais para um futuro mais consciente e responsável.

Sabrina Leis salientou a importância de tomar as rédeas da carreira, sendo que cada pessoa sabe o que funciona melhor para si. «A carreira é feita de conhecimento, rede de contactos e visibilidade». Já Inês Pereira deixou claro que é crucial ouvir a voz interior com atenção e segui-la. «Sintam o que querem fazer, sempre respeitando os vossos valores. Não comprometam as vossas crenças e valores só porque alguém está a pedir». Elisabete Vicente considera que é importante cada pessoa confiar em si própria. «Têm de ser corajosos e valorizar a rede de contactos que foram construindo ao longo do tempo». Por fim, Sandra Gil Mateus concluiu que é importante ter noção de que a carreira nem sempre está em cima. «Por vezes, é preciso dar uns passos ao lado para depois ir para cima. Trabalhar em TI é aprender todos os dias coisas novas e é importante haver disponibilidade para isso. Trabalhem com as pessoas que vos inspiram e de quem gostam»

 

 

 

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