Quase metade das empresas portuguesas têm um nível de resiliência financeira elevada ou média-alta. Saiba que sectores se destacam

Cerca de 40% das empresas portuguesas têm um nível de resiliência financeira elevado ou médio-alto, o que lhes permite enfrentar a crise económica motivada pela COVID-19 de forma mais robusta do que as restantes empresas, independentemente da severidade do impacto sentido no sector em que operam.

 

A conclusão é do estudo «Resiliência Financeira das Empresas em Portugal» que é publicado esta semana e que resulta do novo indicador desenvolvido pela Informa D&B, com o objectivo de fornecer ao tecido empresarial mais uma ferramenta que permita avaliar onde se encontram as suas maiores forças e debilidades.

Construção, Serviços empresariais, Tecnologias de informação e comunicação, Serviços gerais e Transportes registam mais de 40% das suas empresas com níveis de resiliência médio-alto e elevado, sendo os sectores mais resilientes em Portugal.

No extremo oposto, é nos sectores das Actividades imobiliárias, da Agricultura e dos Grossista que se encontra a percentagem mais baixa de empresas resilientes.

O mesmo estudo assinala também que 28% das empresas tem resiliência média. Em situação mais vulnerável estão 33% das empresas com um nível de resiliência mínimo ou reduzido face ao sector em que operam.

Este facto revela que uma fatia significativa do tecido empresarial terá maiores dificuldades em ultrapassar a crise económica provocada pela pandemia, em especial as 27% que operam em setores que estão a ser mais impactados, de acordo com a análise de impacto setorial realizadas em maio pela Informa D&B.

Para Teresa Cardoso de Menezes, directora-geral da Informa D&B, «as empresas resilientes vão ter um papel fundamental na recuperação da economia. Tendem a emergir mais robustas após as crises pois saberão redesenhar as suas estratégias de crescimento e de diversificação de risco através de novas abordagens, produtos, serviços e novos mercados. O tecido empresarial português tem quase metade das empresas com uma boa resiliência, o que será um forte contributo para enfrentar os desafios colocados por esta pandemia.»

Nos últimos três anos (2016-2019), as empresas mais resilientes têm uma taxa de crescimento do volume de negócios mais alta (crescimento médio anual +10,3%) e, ao invés, esta decresce à medida que o nível de resiliência é mais baixo (-27,4% nas empresas com resiliência mínima).

O estudo da Informa D&B mostra ainda uma relação entre resiliência e o crescimento sustentado, há mais empresas resilientes com crescimento sustentado (37% das empresas com um nível de resiliência elevado tiveram um crescimento sustentado) e este é quase inexistente nas empresas com nível de resiliência mínimo (apenas 2% cresceram o seu negócio 3 anos consecutivos).

Nos sectores que mais vendem para o mercado externo (que representam mais de 90% das exportações) as empresas exportadoras são mais resilientes do que as que vendem exclusivamente para o mercado interno, uma diferença que pode justificar-se pela necessidade de estarem mais bem estruturadas para enfrentar os desafios das trocas comerciais com outros mercados.

Entre os cinco sectores que mais exportam, as Tecnologias de informação e comunicação é o que mostra melhor esta diferença, com 56% das exportadoras a registar resiliência elevada ou média-alta, mais 18 pontos percentuais do que as empresas do mesmo setor que vendem apenas no mercado interno.

 

Empresas de maior dimensão são mais resilientes
De acordo com a Informa D&B, há uma diferença muito significativa na resiliência entre as microempresas (cerca de 95% do tecido empresarial) e as restantes empresas (grandes e PME). As grandes, médias e pequenas empresas registam uma percentagem de empresas resilientes sempre acima dos 60%, enquanto nas microempresas essa percentagem desce para os 38%.

A dimensão está associada à antiguidade, pois as empresas precisam de tempo para crescer. A percentagem de empresas mais resilientes cresce à medida que cresce também a idade das empresas. Pelo contrário, quase metade das empresas com um nível de resiliência reduzido ou mínimo são jovens e, na sua maioria, negócios de pequena dimensão.

As microempresas são também o único escalão em que menos de metade das empresas não mantiveram entre 2016 e 2019 o nível constante de resiliência.

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