A importância da Responsabilidade Social das empresas

A realidade pretendida num empregador, sobretudo por parte da geração milenar, mas não só, é a de uma entidade que partilhe os seus valores, nos quais se revejam e que compreenda as suas aspirações. Se não for este o caso, procurarão outro.

Por Inês Paes de Vasconcelos, associate manager da Michael Page

 

Sendo indiscutível que, enquanto indivíduos, vivemos tempos de obrigatória sensibilização para temas como alterações climáticas, pegada ecológica ou escassez de água potável, uma necessária consciencialização terá de ser também tida em conta por parte das organizações, como agentes da sociedade, no que concerne às suas políticas de responsabilidade corporativa.

Esta questão não é nova, remetendo-nos para o século XX, altura em que as preocupações sociais por parte das empresas começaram a surgir. Desde então este tema evoluiu muito. A Responsabilidade Social Organizazional (RSO) não passa somente por uma responsabilidade de foro ecológico, mas sim por boas práticas que devem ser adoptadas por parte das organizações relativamente aos seus colaboradores, consumidores e stakeholders.

Foi nesta óptica de aprofundar se falamos de uma ferramenta de marketing utilizada por algumas empresas para captação de talento e para sedução dos seus consumidores ou se é efectivamente um motor de mudança nas organizações, que o tema da RSC foi debatido recentemente num encontro sob a chancela do Women@Page, reunindo a presença de direcções gerais de empresas de vários sectores.

Que estratégias e políticas são utilizadas por estas organizações, como procuram atrair e reter talento, como comunicam para as novas gerações sem perder relevância para as outras e que preocupações têm actualmente, são questão relevantes para as actuais lideranças empresariais.

A adopção de uma política de flexibilidade com um sistema de compensações e benefícios bem estruturado, que ajude na criação de uma forte cultura empresarial reveste-se de extrema importância. A realidade pretendida num empregador, sobretudo por parte da geração milenar, mas não só, é a de uma entidade que partilhe os seus valores, nos quais se revejam e que compreenda as suas aspirações. Se não for este o caso, procurarão outro.

No entanto, não é suficiente a defesa de uma qualquer política social se esta não for genuína. O impacto desejado não chega pelo facto de as empresas advogarem uma postura socialmente responsável no que diz respeito às suas políticas ambientais ou sociais se estas não forem as suas efectivas convicções.

Como a mulher de César a quem é dito que não basta ser, é ser necessário parecer, também as organizações devem comunicar de forma clara e transparente as suas práticas e políticas. Há que evangelizar dentro das organizações uma cultura de RSC e saber transmitir top down os seus valores e práticas, de forma a serem aculturados.

A implementação das políticas de RSC nas empresas não é, no entanto, sempre fácil. A questão de uniformização de políticas que apelem a colaboradores de diversos níveis geracionais tornou-se uma questão recorrente. Muitas empresas debatem-se com a dificuldade de chegar de forma consistente a toda a sua população, por forma a conseguir atingir um nível de engagement generalizado e não somente focado numa determinada fatia dos seus colaboradores.

No topo das preocupações por parte de CEO’s a nível mundial estão as questões de retenção de talento e o impacto das alterações climáticas/ desastres naturais. Quem assume como responsabilidade pensar a 5 ou 10 anos, tem no top of mind estes temas.

Será uma política empresarial de menor importância ou falamos de estratégias que podem impactar as organizações como agentes económicos e sociais e, consequentemente, todos nós?! Fica a questão para reflexão.

 

 

 

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