A importância de humanizar os locais de trabalho

O maior activo das organizações são as pessoas, devendo por isso haver uma preocupação constante à volta da sua motivação e valorização. E aqui, quando falo em motivação, falo de forma abrangente, incluindo valorizar a identidade e necessidades únicas de cada um e abraçar as diferenças individuais, reconhecendo que essas diferenças promovem a colaboração, a inovação e a criatividade.

 

Por Luísa Aguiar, Human Resources Business partner do SAS Portugal

 

O mercado de trabalho tem um ritmo cada vez mais acelerado, e a verdade é que os desafios são constantes e os modelos de trabalho estão a mudar radicalmente, o que leva também a uma alteração dos valores e necessidades individuais. Se a forma de trabalhar muda, os valores e necessidades dos colaboradores mudam. Consequentemente, as competências de liderança e as ferramentas de gestão e retenção de talento têm também elas de se adaptar e mudar. Se queremos um resultado diferente, temos de fazer coisas diferentes.

Torna-se assim essencial promover um estilo de liderança empático, focado na colaboração e na promoção da curiosidade, e ouvir os colaboradores para definir o caminho. Levar os colaboradores a sentirem-se bem, conectados com a organização, e aqui claro incluímos o cuidar da sua saúde e bem-estar, é cada vez mais essencial.

O que poderemos então fazer, enquanto organização, para evitar situações de stress, ansiedade, elevados níveis de fadiga, problemas de sono… e o tão agora falado burnout?

Para além de ser importante os colaboradores sentirem-se aceites e integrados, as organizações devem ter o cuidado de criar e proporcionar um ambiente seguro, para que eles possam dar ideias, testar, inovar e sentirem-se alinhados com os valores da organização.

Existem várias iniciativas na área do wellbeing em que devemos apostar. E esta aposta deve ser feita, pois está provado que o equilíbrio e saúde (física e mental) de cada colaborador é determinante para a actividade das empresas. Há, aliás, uma relação quase directa entre a saúde dos colaboradores e a sua produtividade e motivação. Diria que os programas de bem-estar são diferenciadores competitivos, sendo também importante referir que a partir do momento em que uma empresa demonstra genuína preocupação e consideração por quem lá trabalha, começa a surgir o – tão fundamental – sentimento de união e pertença.

No entanto, há que não cair na armadilha de promover várias actividades para os quais os colaboradores percepcionem que não tem tempo, pois isto pode por vezes acabar por ter o efeito contrário ao pretendido e gerar ainda mais ansiedade e desmotivação.

Pode-se, por exemplo, actuar na génese do problema e permitir atribuir mais tempo para a fase de “recovery”. Como? Oferecendo “tempo” aos colaboradores, para que estes possam “recarregar baterias” ao longo da semana e que, na verdade, pode ser um dos melhores presentes que se pode dar ao corpo, mente e alma. A ideia é que seja um dia para manter o bem-estar físico, emocional e mental, para relaxar, reduzir o stress e ganhar energia.

Outra iniciativa pode estar relacionada com exercício físico, promovendo a criação de equipas virtuais em caminhadas ou outras actividades que permitam às pessoas partilhar o que estão a fazer, estimular o exercício físico em grupo com um objectivo social específico, sessões de nutrição, comparticipação de actividades desportivas ou ginásios, etc.

Por fim, um ponto muito importante: deve desenvolver-se este tipo de acções, sim, mas de forma contínua e não pontual. Este tipo de iniciativas, centradas no colaborador e no seu bem-estar e felicidade, têm de passar a fazer parte da cultura da empresa. Deve haver uma estratégia delineada – com objectivos e metas claras – que inclua esta linha de acção, e que terá de ser ininterrupta.

Não nos lembremos destes temas só a propósito de efemérides, ou por serem assuntos que, por algum motivo, estão na moda. O nosso bem-estar deve ser sempre uma prioridade, não só em casa junto da família, mas também nos locais de trabalho, junto dos colegas e respectivas chefias.

 

Este artigo foi publicado na edição de Julho (nº.139) da Human Resources, nas bancas.

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