Este profissional tem seis empregos remotos… e uma equipa para se fazer passar por ele

Para Harrison, conciliar seis empregos remotos significa, ocasionalmente, ter duas reuniões à mesma hora. A solução? Pagar a alguém para fingir ser ele, relata o DNyuz.

 

«Essa pessoa está a par de tudo e soa um pouco como eu», disse Harrison, acrescentando que as suas reuniões normalmente não exigem que esteja em frente às câmaras. (A identidade de Harrison foi verificada pelo Business Insider, mas pediu para usar um paseudónimo por receio de repercussões profissionais)

Harrison, profissional de garantia de qualidade no sector das TI, reuniu uma equipa de sete colaboradores que o ajudam a manter secretamente vários empregos a tempo inteiro em simultâneo. Se a sua situação se mantiver, espera ganhar 800 mil dólares este ano e pagar à sua equipa cerca de 250 mil dólares.

Este será o quinto ano de Harrison a utilizar este modelo para maximizar o seu rendimento. Em 2023, teve seis empregos remotos a tempo inteiro nos EUA — três como colaborador e três como consultor — e ganhou cerca de 470 mil dólares. Depois de pagar aos seus trabalhadores, estimou ter lucrado cerca de 320 mil dólares. Em 2024, disse que teve até nove empregos em simultâneo e estimou que ganhou mais de 500 mil dólares depois de pagar aos seus trabalhadores.

«Costumava ficar nervoso com o chefe, jogar na bolsa, contas para pagar, mensalidades da escola dos miúdos. A grande diferença de ter mais empregos é que fico menos nervoso. Se algo não correr bem, não fico agarrado» disse ao BI.

Apesar do aumento de profissionais com vários empregos em simultâneo, Harrison pertence a um grupo ainda mais restrito de “malabaristas” que contrataram pessoas para fazer parte ou a maior parte do seu trabalho, uma tendência facilitada pela revolução do trabalho remoto, redes sociais globalizadas e acesso crescente a ferramentas de software que tornam possível a externalização de trabalhos.

Porém, ter vários empregos sem conhecimento e autorização do empregador pode ter repercussões profissionais e levar ao burnout. Além disso, as exigências de regresso ao escritório e a desaceleração das contratações em alguns sectores estão a tornar mais difícil conseguir empregos remotos.

Em 2018, Harrison começou a trabalhar em dois empregos remotos. Quando a pandemia chegou e os trabalhos remotos se tornaram abundantes, começou a conciliar secretamente um terceiro e um quarto emprego. A carga de trabalho tornou-se logo incontrolável, pelo que utilizou a plataforma freelancer Upwork para encontrar pessoas qualificadas em quem pudesse confiar para assumir as suas tarefas de trabalho.

Depois de entrevistar muitos candidatos, Harrison reuniu gradualmente uma equipa — cujos membros chama de colaboradores — e assumiu mais empregos. Os seus colaboradores estão localizados nos EUA, Canadá, Índia e Paquistão.

Harrison passa a maior parte dos dias a participar em reuniões de trabalho e a rever o trabalho da sua equipa, o que, segundo ele, soma cerca de 40 horas por semana. Quatro dos seus colaboradores cumprem as suas obrigações laborais, enquanto outro, o seu cunhado, ajuda a gerir a operação e é o seu substituto nas reuniões. «Ele está desempregado, por isso posso ajudá-lo», explica Harrison.

Refere que ocasionalmente é despedido de um emprego ou um contrato de consultoria não é prolongado, pelo que, para sustentar e expandir a sua operação, dois colaboradores diferentes candidatam-se a empregos em seu nome — ele trata das entrevistas. Mas, nos últimos meses, tornou-se mais difícil para Harrison conseguir novos empregos remotos.

A logística

Harrison é cidadão norte-americano, mas vive no estrangeiro a maior parte do ano e utiliza uma VPN com localização nos EUA. A sua operação de outsourcing é possível porque ferramentas de software como o Zoom, TeamViewer e UltraViewer dão à sua equipa acesso remoto aos computadores de trabalho. Por vezes, fazem-lhe perguntas sobre o trabalho de um colaborador e não tem a resposta, mas consegue disfarçar até ser actualizado.

Olhando para o futuro, Harrison planeia continuar a fazer malabarismos no trabalho porque ainda não tem poupanças suficientes para se reformar. Para ele, ter cerca de seis empregos parece ser o “ponto ideal” porque pode aumentar significativamente os seus rendimentos e a segurança sem trabalhar muitas horas. E se as coisas se tornarem demasiado difíceis, pode sempre deixar um dos empregos. «Quando se está desempregado, é preciso aceitar o primeiro emprego que aparece. Eu tenho a sorte de poder escolher.»

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