Luís Antunes, PHC : «O developer do futuro será alguém com uma maior capacidade de colaboração e de trabalho de equipa»

A PHC Software tem vindo a investir nas skills dos futuros developers. Para tal, a empresa tem realizado uma conjunto de iniciativas que pretendem ajudar a colmatar a falta de talento nas áreas de coding. Foi o que aconteceu com evento Coding PHC, como explicou em entrevista à Human Resources Luís Antunes, People Experience Director da PHC Software.

Por Sandra M. Pinto

 

O Coding PHC decorreu no passado mês de Outubro. O evento, dedicado a developers, providenciou todo conhecimento e métodos tecnológicos para o desenvolvimento de software e aplicações com as frameworks do PHC CS Web e do PHC GO. De que forma isso aconteceu e qual a sua importância foi o que perguntámos a Luís Antunes.

É impossível começar esta conversa sem lhe perguntar como e de que forma viveram a pandemia?

Vivemos a pandemia com a máxima responsabilidade, segurança e aprendizagem. Desde início que tomámos medidas em várias frentes, fomos para teletrabalho antes de tempo, decidimos não despedir ninguém por causa da crise, de criar canais de comunicação interna mais próximos (como o já famoso Ask the CEO), ou adaptarmos todos os nossos processos internos de formação, recrutamento ou eventos para formatos digitais e híbridos. O mais importante foi a nossa proactividade e pensamento de longo prazo. Desde sempre que soubemos que a crise traria desafios, mas também acabaria por passar. E teríamos de estar no nosso melhor no final da crise para aproveitar a retoma. Tenho a noção que tomámos boas decisões. E um indicador claro é que o nosso nível de engagement interno, que medimos regularmente, chegou ao seu nível mais alto durante o primeiro confinamento.

E com a nova recomendação do teletrabalho, o que mudou na vossa estratégia?

Perante a situação actual, decidimos suspender o modelo híbrido de trabalho até que a conjuntura melhore. Regressámos voluntariamente para teletrabalho, acima de tudo porque queremos proteger as nossas pessoas e evitar deixá-las expostas a riscos desnecessários. É uma questão de responsabilidade empresarial. E penso que empresas que tenham a mesma possibilidade poderiam fazer o mesmo.

Depois de 10 de Janeiro qual será o modelo de trabalho predominante na empresa?

A nossa expectativa é regressar ao modelo híbrido assim que a situação pandémica estiver controlada no país. Acreditamos que o híbrido é o melhor modelo e o que traduz a agilidade da empresa do futuro. Temos tido uma experiência incrível nestes meses em que o experimentámos e queremos voltar ao mesmo. Ganhamos a colaboração e criatividade de estarmos juntos no mesmo espaço, e temos o tempo de foco para deep work. O híbrido traz saltos de bem-estar e produtividade que antes não eram possíveis em grande escala.

Os vossos colaboradores tiveram uma palavra a dizer nessa decisão?

Ouvimos frequentemente os nossos colaboradores e a decisão do modelo híbrido passou também por uma auscultação interna. Mais de 90% das nossas pessoas indicou um modelo híbrido como a sua preferência e essa resposta foi reveladora da sua intenção.

Recrutaram em pandemia?

Recrutámos várias pessoas para várias funções. Durante o tempo de teletrabalho, fizemo-lo com processos de recrutamento em modo digital e depois em modo híbrido (com uma fase digital e outra presencial). Penso que as empresas não devem parar os seus processos de recrutamento, pois são fundamentais para a estratégia de longo prazo.

Como deram “a volta” à questão do onboarding?

No modelo híbrido a questão não se coloca, mas quando estamos em teletrabalho o onboarding passa para modo remoto. A parte de formação é relativamente simples, com a nossa plataforma de digital training a permitir ter os conteúdos sempre prontos e acessíveis. Onde é mais desafiante é parte relacional, que fica limitada ao contacto via videoconferência. Mas, com um acompanhamento constante e uma preocupação genuína com a integração de cada pessoa é possível fazê-lo. É muito interessante ver as pessoas que passaram por um on-boarding digital nos seus primeiros dias de trabalho presencial, é como se redescobrissem a empresa.

Há hoje maior escassez de talento ou com o teletrabalho isso de alguma forma mudou?

Nas áreas tecnológicas mantêm-se a necessidade. O número de profissionais nas áreas tecnológicas é baixo para a procura que o mercado tem. O que temos observado, e isso é transversal a todas as áreas, é que há hoje uma maior preocupação dos candidatos em escolher as empresas para onde querem ir. Parece-me que a forma como as empresas lidaram com a pandemia está a ter um efeito directo na preocupação das pessoas. Empresas que não despediram por causa da crise, que mostraram solidez financeira e uma preocupação com as suas pessoas estão hoje numa melhor posição para atrair o talento.

Parece-lhe viável que as empresas tenham colaboradores sediados noutros ponto do país ou mesmo do mundo?

Perfeitamente viável, desde que esteja de acordo com a cultura da empresa, a função e a legislação em vigor. No caso da PHC ainda não temos nenhum colaborador que não esteja sediado a um dos nossos escritórios, mas o nosso modelo híbrido prevê que cada colaborador tenha a possibilidade de tirar dois períodos de 30 dias full remote e que lhe permite ir para outro lado do mundo trabalhar. Já tivemos colaboradores que foram para o Brasil ou para Itália.

Quais são hoje as mais importantes skills nas frameworks de programação PHC?

O nosso software usa várias linguagens de programação, quer em frontend quer em backend, desde Angular, Ionic, Html, .Net, C SS, Javascript, jQuery, Ajax. Uma parte refere-se ao que chamamos core, a base do produto, e depois a framework, que é a camada do software que permite construir soluções em cima da base do produto. Dependendo do nível do que um programador pretende fazer com a framework pode criar soluções mais simples ou mais robustas. E foi por isso que fizemos o evento Coding PHC, para que mais programadores nacionais dominassem as duas frameworks da PHC – a do PHC CS e a do PHC GO. Com elas podem fazer coisas incríveis que vão desde uma personalização do software até criar soluções completas para as necessidades específicas de um determinado sector. Um dos pontos positivos de dominar o software PHC é que um programador pode criar os seus próprios produtos e colocá-los à venda; por exemplo, a PHC GO Store permite ter as soluções que um programador crie disponíveis para qualquer pequena empresa.

De que forma podem ser elas desenvolvidas?

Estamos muito focados em disponibilizar ferramentas e formação para que os programadores tenham a possibilidade de explorar o mundo das frameworks PHC. Temos a certificação do nosso software, mas também através de eventos que desenvolvemos para o efeito, como é o caso do Coding PHC.

O que foi o Coding PHC e quais os seus objectivos?

Foi um evento para programadores, totalmente gratuito, em formato híbrido realizado tanto na nossa sede de Oeiras, como transmitido em live streaming, que explicou a centenas de pessoas o que é possível fazer com as frameworks PHC. Foram sessões de formação e explicação, que cobriram desde o domínio base da framework até à implementação de casos reais mais avançados e ao desenvolvimento de soluções.

Foram eles alcançados?

O Coding PHC foi um sucesso, com mais de 500 programadores inscritos e a beneficiar destas sessões de formação gratuita. Tivemos uma grande adesão dos nossos parceiros, que quiseram aproveitar a oportunidade, mas também de programadores individuais que já reconhecem na PHC uma referência no mercado.

Até que ponto este tipo de iniciativas pode ajudar a colmatar a falta de talento nas áreas de coding?

São fundamentais, na medida em que a partilha de conhecimento é um dos pontos-chave para o desenvolvimento do talento tecnológico. Tivemos um óptimo feedback do evento a todos os níveis e queremos continuar com este tipo de iniciativas para ajudar a fomentar o conhecimento em programação em Portugal.

De que forma tem a PHC Software investido nas skills dos futuros developers? Quais as maiores dificuldades?

Temos um histórico de partilha de conhecimento e de organização de iniciativas nesse sentido. Em anos anteriores organizámos uma conferência, gratuita, chamada DevSummit que partilhava boas práticas de programação, e tinha diversos convidados de referência no sector. O Coding PHC é uma especialização desse conceito, focado no nosso software. Temos também um programa de requalificação profissional, chamado Learning Experience, que forma técnicos PHC e aumenta a empregabilidade de pessoas que querem enveredar numa carreira em IT. A maior dificuldade, a nível nacional, acaba por ser a atração de pessoas não tecnológicas para a tecnologia – mas é uma tendência que se tem invertido ao longo dos anos.

Olhando para o a frente, como será o developer do futuro?

Independentemente das linguagens que domine, e se é ou não fullstack, o developer do futuro será alguém com uma maior capacidade de colaboração, trabalho de equipa e capacidade de resolução de problemas. Com o avançar dos modelos de trabalho para as metodologias ágeis, será imperativo. Ao mesmo tempo, será um profissional, mais do que nunca, em constante aprendizagem, evolução e em desafio permanente. É por isso que é tão importante começar numa empresa com uma boa estrutura, para desenvolver competências e métodos de trabalho que servirão de base para o seu futuro.

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