Metade das PMEs portuguesas estão a planear tornar-se totalmente remotas

A pandemia mudou tanto as prioridades das pequenas e médias empresas (PME) portuguesas, como os seus sistemas de trabalho e recursos. A conclusão de um estudo da Fiverr sobre o impacto da COVID-19 nas PME portuguesas que mostra que 49% das PME do distrito de Lisboa e 24% das da região do Porto estão a planear tornar-se totalmente remotas em consequência da pandemia.

 

Já 63% sentem-se confortáveis para encorajar este modo de trabalho, especialmente dentro dos setores de TI & Telecomunicações (68%) e Vendas, Media e Marketing (57%).

Estes resultados podem ser justificados pelo aumento de 40% da produtividade durante o confinamento, o que comprova que esta nova realidade não só funciona, como também poderá ser o futuro do trabalho.

A flexibilidade e o equilíbrio também foram destacados, com 47% dos participantes a indicar que o aumento da flexibilidade foi o factor mais positivo desta imposição e 41% a salientar que conseguiu um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. E 35% acrescentou ainda que gostaram de poder passar mais tempo com a família, com 62% a afirmar que a ligação com a sua família melhorou significativamente.

O estudo revela ainda que 46% das PME afirmaram que estão a recorrer mais a freelancers agora, devido ao boom do trabalho remoto. Destes, 76% indicaram que chegam até aos profissionais através do passa a palavra, sendo que 62% revelaram que utilizam marketplaces.

Comparando com os outros países Europeus onde o estudo foi realizado, Portugal apresenta uma percentagem bastante superior neste campo, o que significa que estão a tirar um maior partido das oportunidades online. 80% das empresas de TI & Telecomunicações e 50% das de Arte e Cultura referiram procurar em marketplaces como a Fiverr para chegar a esta mão de obra.

Ao nível do tipo de serviço mais procurado, o apoio ao cliente encontra-se no topo da lista com 39%, tendo maior demanda por parte do sector Financeiro e do da Manufactura & Utilidades. De seguida, apresentam-se os serviços de Relações Públicas, mais procurados por empresas de Vendas, Media e Marketing (54%), bem como pelo sector da Educação (43%). 30% dos inquiridos destacaram também a procura por serviços freelancing de marketing digital e gestão de redes sociais. As PME de Vendas, Media e Marketing lideram esta procura (53%), sendo acompanhadas pelas Jurídicas (50%) e TI & Telecomunicações (50%).

O estudo mostra também que 62% das PME portuguesas admitiram estar receosos em relação ao futuro do seu negócio, ao passo que 38% demonstrou-se um tanto mais optimista. Parte deste otpimismo pode estar ligado à descoberta de novas formas de trabalho, como é o caso do trabalho remoto.

De acordo com os resultados do estudo, 37% das empresas entrevistadas concordaram com a necessidade de um maior investimento na área do marketing digital, como resultado da COVID-19. Construir uma forte presença nas redes sociais (27%), dedicar mais tempo às vendas (25%) e ao marketing (24%) foram apontadas como as restantes áreas de investimento.

O estudo indica ainda que 27% dos participantes assumiram não estar preparados para o impacto da COVID-19, sendo que os sectores da Arte & Cultura (41%), Educação (43,75%) e Turismo e Transportes (63%) os que se sentiram mais afectados.

Por outro lado, quase um terço das PME (35%) reconheceram que não havia nada que pudessem ter feito para preparar melhor o seu negócio. Ainda assim, os participantes concordaram que uma melhor tecnologia (29%) e uma melhor preparação para o trabalho a partir de casa (28%) teriam ajudado a enfrentar o confinamento forçado.

 

De quem é a culpa?
As PME portuguesas demonstraram-se bastante cautelosos quando toca a apontar o dedo, atestando a consciência generalizada das fragilidades e limitações do seu próprio negócio, 28% defende que a falta de experiência face a estas situações extremas é o principal culpado, ao passo que 25% diz que ninguém pode ser culpado por um acontecimento tão imprevisível e dramático. E quase 20% dos quadros superiores entrevistados crê que não actuou rápido o suficiente.

No que diz respeito ao governo, as empresas manifestaram uma opinião positiva face às acções tomadas, com 63% a considerar que a pandemia foi gerida muito bem ou bastante bem. Contudo, 26% atribuíram-lhe a culpa.

 

O que reserva o futuro?
Sim, de facto 62% das PME estão receosas acerca do futuro do seu negócio devido ao novo coronavírus. Mesmo assim, os participantes revelaram-se focados na preparação para um segundo confinamento. Quando inquiridos sobre as áreas onde irão investir para melhor enfrentar outra crise, as empresas destacaram a presença digital (36%), implementação de medidas para eventos futuros (28,4%) e a contratação de mais freelancers (17,4%) como os principais recursos.

O estudo decorreu entre 5 e 26 de Outubro e incluiu 500 profissionais de quadros superiores de empresas da Amadora, Braga, Cacém, Coimbra, Funchal, Lisboa, Porto, Queluz, Setúbal e Vila Nova de Gaia oriundas de setores como Arquitetura, Engenharia e Construção, Educação, Cultura, Saúde, TI & Telecomunicações, Turismo ou Finanças.

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