Os primeiros meses de 2023

Por Ricardo Florêncio

 

A inflação, o aumento de custo de vida, a pressão sobre o aumento dos salários, a contínua escassez de recursos e as dificuldades em manter e recrutar os profissionais de que as empresas necessitam são dos principais temas que vão marcar estes primeiros meses de 2023 na Gestão de Pessoas. São muitos temas que, posteriormente, terão repercussões directas em muitos outros e serão altamente preocupantes, além de impactarem directamente a vida das pessoas e mexerem no seu dia-a-dia.
E é elementar que quando as pessoas não vêem as suas necessidades básicas satisfeitas, a sua predisposição para pensar noutros temas é muito baixa. Mas até onde conseguem as empresas chegar para responder a essas necessidades? Muito poucas conseguirão chegar ao nível da inflação anunciada. Assim, terão de encontrar soluções de compromisso que, se por um lado, conseguem colmatar parte do aumento de custo de vida, por outro lado, não colocam em causa a viabilidade das próprias empresas.
Contudo, felizmente, esta situação é vivida numa altura de baixo desemprego e num ambiente de globalização acentuada dos Recursos Humanos. O trabalho remoto, a instalação de muitos, mas mesmo muitos, centros de “expertise” em Portugal, a própria dinâmica do mercado, elevam o nível de exigências dos colaboradores, tornando ainda mais difícil a sua captação e manutenção. E até onde devem as empresas chegar? Até onde podem, e devem, ir, ceder, negociar, de modo a não perderem o controlo sobre a situação?
E todos estes desafios são vividos num início de ano marcado pela incerteza e pela expectativa. Mas a verdade é que o caminho sempre se faz para a frente, pelo que o maior desafio é mesmo andar para a frente, e não retroceder.

 

Editorial publicado na revista Human Resources nº 145, de Janeiro de 2023