Paulo Barreto, Crédito Agrícola: O trabalho (já) não dá saúde

Paulo Barreto, director de Recursos Humanos do Crédito Agrícola, acredita que «a alteração dos modelos de trabalho, que tendem normalmente a criar uma maior pressão quanto ao cumprimento de objectivos, têm estado na origem do aumento de doenças do foro mental por parte dos trabalhadores. A conclusão que se pode retirar é que o trabalho (já) não dá saúde!»

«Pelo menos alguns recordarão a velha frase “O trabalho dá saúde”. Não importa estar aqui a discutir a origem ou motivações que podem suportar esta expressão popular, mas com certeza que todos concordarão que, nos dias de hoje, é algo totalmente ultrapassado.

Entre outras razões, a alteração dos modelos de trabalho, que tendem normalmente a criar uma maior pressão quanto ao cumprimento de objectivos, um crescente isolamento e distanciamento face ao trabalho em equipa e, por vezes, alguma incerteza quanto à capacidade de manter a relação laboral, têm estado na origem do aumento de doenças do foro mental por parte dos trabalhadores. A conclusão que se pode retirar é que o trabalho (já) não dá saúde!

Mesmo que as empresas se apercebam dos riscos em causa e coloquem à disposição dos seus trabalhadores, nomeadamente através da medicina no trabalho, programas de prevenção e apoio em relação a este tipo de doenças, na prática, o que se verifica é que os trabalhadores, porventura com receio de demonstrar alguma fragilidade, tendem a não partilhar os seus problemas.

A este propósito, convém recordar outra velha frase, habitualmente atribuída a Confúcio, embora com uma pequena alteração tendo em atenção a mobilidade dos trabalhadores, pelo menos dos mais jovens, nos dias de hoje: “Escolhe empregos de que gostes (e não um emprego de que gostes) e não terás de trabalhar um único dia na tua vida.” Tendo em conta o que dissemos antes, a saúde agradece.»

Este testemunho foi publicado na edição de Junho (nº.151) da Human Resources, no âmbito da XLVII edição do seu Barómetro.

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