Pela primeira vez em sete anos, satisfação dos colaboradores caiu

O Índice da Excelência distinguiu, pelo sétimo ano consecutivo, as empresas que sobressaem pelo melhor clima organizacional e constituem modelos de excelência no que toca a Gestão de Pessoas. Conheça as principais conclusões desta análise, bem como as empresas vencedoras.

 

Por Tânia Reis

 

Num trabalho desenvolvido pela Neves de Almeida HR Consulting, em parceria com o ISCTE Executive Education, o “Índice de Excelência” analisou e destacou as boas práticas de Gestão de Pessoas em Portugal, num cenário cada vez mais tecnológico. Os resultados apresentados visam igualmente funcionar como base de alerta ao tecido empresarial sobre as tendências e a importância do valor humano, num mundo em rápida mudança e moldado pelas novas formas de trabalho que, em contexto incerto e de constante adaptação, exigem preparação das pessoas e também das organizações.

A iniciativa, que contou com a participação de cerca de 120 organizações, pretende constituir uma ferramenta de gestão, identificando e premiando as empresas em Portugal que mais investem e apostam no factor humano e em boas práticas de Gestão de Pessoas, apostando no desenvolvimento e satisfação dos seus colaboradores. Para tal, a metodologia de avaliação integra a análise da dimensão global e de dimensões complementares de relacionamento com os colaboradores, dinâmica organizacional, práticas de gestão, clima e gestão de pessoas.

As organizações são avaliadas e premiadas em categorias globais de dimensão, definidas por número de colaboradores, entre grandes empresas (mais de 251 colaboradores), médias empresas (entre 51 e 250) e pequenas empresas (entre 11 e 50). São igualmente, premiadas organizações por nove macrossectores de actividade. A saber: Banca, Seguros e Serviços Financeiros; Construção, Infraestruturas, Transportes e Logística; Consultoria e Serviços Profissionais; Hotelaria, Turismo, Desporto e Ensino; Indústria; Retalho e Comércio; Saúde e Farmacêutica; Sector Público; Tecnologia, Media e Telecomunicações.

Os vencedores desta sétima edição do “Índice da Excelência” foram anunciados no passado dia 2 de Março, num evento em Lisboa.

 

O que justifica a insatisfação
A edição de 2022 manteve um grande foco no âmbito da experiência do colaborador, nas suas várias vertentes, incluindo as novas formas de trabalho, assim como nas medidas implementadas pelas organizações no âmbito da transformação digital, sustentabilidade, diversidade e responsabilidade social. O principal objectivo da análise foi aferir o impacto dessas medidas na satisfação dos colaboradores.

Surpreendentemente, os resultados permitem concluir que, pela primeira vez e ao final de sete anos do estudo, o nível global de satisfação dos profissionais caiu, quebrando a trajectória ascendente que vinha a seguir, mesmo em anos de pandemia, onde tal crescimento foi residual, mas ainda assim existente.

A satisfação global desceu assim quatro pontos percentuais face ao ano de 2021, situando-se agora nos 70,3%, queda generalizada em todos os sectores de actividade e tando nas pequenas como nas grandes empresas. A excepção foram as organizações de média dimensão, onde se verificou um ligeiro crescimento no nível global de satisfação dos seus colaboradores face aos anos anteriores. Este decréscimo foi generalizado nas quatro dimensões de análise – Dinâmica Organizacional, Práticas de Gestão, Clima Organizacional e Gestão de Pessoas –, tendo sido mais expressivo nas que dizem respeito a estas duas últimas.

A justificar esta mudança está uma maior penalização dos milhares de colaboradores participantes nas temáticas relacionadas com a Compensação e Benefícios, bem como com a Gestão de Talentos, que incluem carreiras, oportunidades de desenvolvimento e avaliação de desempenho.

Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida HR Consulting, confirma que esta descida se manifesta «transversalmente em todos os domínios de análise, sendo mais expressiva, na ordem dos -6 a -8 pontos percentuais (p.p.), no Clima e Gestão de Pessoas, onde a penalização dada pelos colaboradores participantes nas temáticas relacionadas com a Compensação e Benefícios, assim como na Gestão de Talento, foi ainda maior do que nos anos anteriores, dada a maior sensibilidade em contexto de elevada inflação».

Observando os diferentes sectores de actividade, verifica-se que «este decréscimo na satisfação global reflecte-se, igualmente de forma transversal, em todos os sectores, sendo mais expressiva nas áreas Saúde e Farmacêuticas que, após anos de pandemia principalmente duros e exigentes, não verificaram melhorias esperadas, especialmente nos domínios mencionados», destaca o responsável.

Em termos de iniciativas organizacionais (ver figura 1), os colaboradores reforçam como áreas de investimento prioritárias para 2023 a Compensação e Benefícios, seguida da Formação e da Gestão de Carreiras, em linha com o que já se tinha revelado no ano anterior. Adicionalmente, verifica-se uma subida no ranking das iniciativas a implementar da revisão dos modelos e processos de Avaliação de Desempenho, por forma a promover maior transparência e clareza nos critérios associados.

 

Leia o artigo artigo na íntegra e conheça os testemunhos dos vencedores na edição de Março (nº. 147) da Human Resources, nas bancas. 

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