«Precisamos de continuar atentos e unidos», defende Catarina Tendeiro

Catarina Tendeiro, directora de Recursos Humanos do Grupo Ageas Portugal, defende que «as empresas estão a fazer um esforço para que os seus colaboradores sintam menos a grande pressão vinda de uma crise de saúde pública, económica e social, sem precedentes em Portugal». Leia a sua análise aos resultados do XXXIII Barómetro Human Resources.

«Claramente que, desde Março, a pandemia impôs sérios sacrifícios e necessidade de agilidade a empresas e colaboradores. Os apoios governamentais têm sido fundamentais, resultando num esforço orçamental acrescido, implicando um olhar muito atento e crítico para seleccionar tipos de apoios com eficácia económica e social. O OE visa trazer mais protecção para trabalhadores e mais apoios para empresas em dificuldades, procurando a continuidade de muitos negócios (como o apoio extraordinário ao rendimento dos trabalhadores ou a eliminação do agravamento das tributações autónomas para as micro, pequenas e médias empresas). Ainda assim, a taxa de desemprego tem vindo a aumentar e, provavelmente, agravar-se-á nos próximos meses, pelo que é fundamental que se crie uma cultura de união no País, tanto pelos apoios e iniciativas do Estado, tanto por cada um de nós/empresas. Uma das medidas ligadas a este foco foi o teletrabalho, pelo que regular esta prática será muito importante. Está comprovado que funciona, é possível para muitas funções e veio para ficar! Aporta mais eficiência e bem-estar para as pessoas e, por consequência, mais produtividade, no entanto há que lembrar que não é possível a sua implementação transversal. A promoção do reskilling e upskilling das pessoas é outra ferramenta crucial, trazendo novas competências para dentro de casa e enquadrando as competências actuais nos lugares mais indicados, aumentando também a produtividade. Em resumo, este estudo demonstra que as empresas estão a fazer um esforço para que os seus colaboradores sintam menos a grande pressão vinda de uma crise de saúde pública, económica e social, sem precedentes em Portugal, sendo que precisamos de continuar atentos e unidos! No entanto, importa alertar que faltam ainda medidas impulsionadoras do investimento, de captação de capital externo, que promovam a revitalização de sectores muito afectados e/ou uma política de industrialização do País, desafios que serão críticos para a desejável recuperação da economia e emprego nos próximos anos.»

Este testemunho foi publicado na edição de Novembro da Human Resources, no âmbito da XXXIII edição do seu Barómetro.