
Só há um sector em Portugal com emprego a crescer (e não é o hoteleiro)
A Randstad Portugal acaba de publicar a sua análise aos resultados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) no segundo trimestre de 2024.
Os dados do Inquérito ao Emprego do INE (IE) revelam um aumento histórico no número de pessoas empregadas (mais 40.500; +0,8%) face ao trimestre anterior, tendo este crescimento sido verificado apenas no sector dos serviços, com excepção para o sector do alojamento, restauração e similares (registou uma diminuição de 2,1%), o que contraria a tendência de sazonalidade comum a países que, como Portugal, têm uma forte indústria turística.
Face ao período homólogo o aumento do emprego foi de 48.500 profissionais (+1%). A taxa de desemprego desceu para 6,1%, menos 0,7 p.p em relação ao primeiro trimestre
Ao contrário da descida no sector hoteleiro, o sector global dos serviços foi o que registou maiores aumentos, com mais 72.800 pessoas empregadas (+2,0%), com destaque para o comércio por grosso e a retalho (+ 44.700 pessoas) e o da educação (+ 38.100 pessoas). O sector em que mais se sentiu o efeito da reactivação da actividade turística sazonal foi o comércio por grosso e a retalho e da reparação de automóveis e motociclos, onde estão mais 19.800 pessoas empregadas (2,7%).
Este crescimento do sector dos serviços permite compensar as quedas de 2,3%, tanto no sector da agricultura (menos 3300 profissionais), como na indústria, construção, energia e água (menos 28.900 trabalhadores). Em termos homólogos, estes dados mantém a tendência que se tem vindo a registar, com a maior queda a dar-se no sector da agricultura (-8,6%; – 13.700 pessoas).
A análise revelou ainda que foi na tipologia de trabalhadores por conta própria que se registou um maior aumento de pessoas empregadas, com um crescimento de 2% (mais 15.000 pessoas) face ao semestre anterior, em comparação com a tipologia trabalhadores por conta de outrem, que, apesar de serem a maioria, cresceram apenas 0,6% (mais 25.500 pessoas).
À semelhança do que se verificou no trimestre anterior, no segundo trimestre de 2024, voltou a registar-se a tendência de aumento dos contratos sem termo (31.800 contratos, +0,9%) e diminuição dos contratos com termo (-2.900; -0,5%). Assim, a taxa de trabalho temporário diminuiu e situou-se em 16,0% no segundo trimestre do ano.
Face ao trimestre anterior, a tendência de aumento do emprego verificou-se na maioria dos grupos etários, com excepção para os mais jovens, entre os 16 e os 24 anos de idade, onde se registou uma descida de 2,9% (menos 8400 trabalhadores).
Com a descida da taxa de desemprego de 6,5% para 6,1%, as mulheres, apesar de serem o género que regista uma maior descida (-1,0 p.p.) continuam a ser quem tem uma taxa de desemprego mais alta – 6,5% face a 5,7% dos homens, cuja taxa apenas diminuiu 0,5 p.p. Em termos homólogos, estes resultados seguem a tendência do ano anterior.
Ao contrário da tendência de descida da taxa de desemprego, a preferência pelo regime de teletrabalho (100% remoto ou híbrido) continua a crescer, registando-se um aumento de mais 41.900 pessoas (4,1%) que fazem teletrabalho, em comparação com o semestre anterior, concentrando-se a maior percentagem na região da Grande Lisboa (34,8%) e a menor nos Açores, com apenas 9,7%.
«A análise dos dados publicados hoje pelo INE mostra-nos algumas surpresas, nomeadamente no sector hoteleiro, onde se registam descidas contrárias à tendência do sector dos serviços, o único que tem vindo a apresentar resultados positivos no crescimento do emprego», comenta Isabel Roseiro, directora de Marketing da Randstad Portugal.
«Contudo, há um crescimento global do emprego que é muito positivo e que continua a registar níveis históricos. Este aumento é particularmente relevante em áreas como o comércio e a educação. Estes indicadores revelam que, apesar dos desafios, o mercado de trabalho está a adaptar-se e a evoluir. É crucial continuarmos a focar na capacitação e requalificação dos profissionais para que possam responder às exigências do mercado de trabalho», acrescenta.