A felicidade nas empresas é lucrativa

A par da inovação que têm feito no produto, em 30 anos de existência de PHC Software, o CEO Ricardo Parreira destaca a metodologia de gestão dos recursos humanos, baseada no papel da liderança, na identificação com a cultura da empresa e na aposta na atitude para a felicidade.

Por Ana Leonor Martins, para a newsletter Tendências 360, powered by Randstad  (Dezembro, 2018)

 

O responsável defende que «ter líderes com a formação e o propósito indicado para ser o chamado “leading as a service”», é fundamental. É com base nesta crença, e com a certeza de que «a felicidade nas empresas é lucrativa», que tem dirigido os destinos da PHC ao longo de quase já três décadas.

 

Como foi passar de um projecto de faculdade para uma empresa presente em cinco países e quase 200 pessoas?
Tem sido um desafio enorme, uma superação constante e um orgulho em tudo o que temos vindo a conquistar. Mas o mais interessante é sentir que construímos algo com muito valor e que tem tido um impacto directo nos nossos 182 colaboradores, em mais de três mil pessoas da comunidade de parceiros PHC e em mais de 145 mil utilizadores das nossas soluções de gestão. Essas pessoas estão no centro da nossa actividade.

 

Quais os principais desafios e obstáculos superados? Ou, se preferir, quais as principais conquistas?
Recentemente, a internacionalização tem sido um grande desafio, porque nos obriga a aprender novas culturas, criar novas redes e adaptar todo o produto às especificidades legais e culturais locais. Felizmente está a correr bem e, no ano passado, por exemplo, cresceu 25%. Uma das grandes conquistas da PHC é o crescimento sustentável, focado simultaneamente no negócio e nas pessoas. Em 29 anos de actividade nunca demos prejuízo e, hoje, estamos a bater recordes de vendas há três anos consecutivos, ao mesmo tempo que temos índices de felicidade elevados entre os nossos colaboradores. Conseguir provar que a felicidade de uma empresa é lucrativa é algo que pessoalmente me orgulha imenso.

 

O que destacaria em termos da vossa actividade, nos últimos anos?
Diria que há três coisas que nos últimos anos seriam interessantes para quem nos observa. Primeiro, a metodologia de gestão dos recursos humanos, baseada no papel da liderança, na identificação com a cultura da empresa e na aposta na atitude para a felicidade, com programas, actividades e métricas próprias. Depois, a inovação que temos feito ao nível de produto. Colocamos o software no centro da gestão moderna, com soluções de gestão para as várias áreas das empresas, que podem ser acedidas em qualquer lugar ou dispositivo, e que se encontram integradas dentro do mesmo sistema. Por fim, o reconhecimento público, que nos orgulha muito, tanto a nível de Recursos Humanos como de produto.

 

Em termos de negócio, quais os principais desafios para o futuro? Um dos temas na ordem do dia na vossa área de actuação é a cibersegurança…
A cibersegurança é um tema que ultrapassa as Tecnologias de Informação (TI), no entanto, num mundo interligado, ganha um papel importante quando olhamos para o crescimento das soluções cloud. Muitos gestores ainda se questionam se é seguro ter os seus dados na nuvem, mas eles acabam por estar mais guardados em datacenters com a melhor tecnologia de ponta ao nível da protecção de dados do que nos servidores das empresa. Mas, desafios ao nível das TI, diria que a chamada “guerra pelo talento” estará na ordem do dia. Um outro será sem dúvida a inteligência artificial e como ela poderá ser colocada de forma consistente ao serviço das empresas.

 

A resposta a esses desafios será fundamental para a sobrevivência das empresas? Quais os factores-críticos de sucesso identifica?
Um dos fatores críticos é a sua capacidade de adaptação à mudança. Hoje, a mudança é constante e a gestão das empresas tem de possuir forma de responder a exigências de ordem diversa, como por exemplo a crescente exigência do cliente ou as caraterísticas dos colaboradores das gerações millennial ou Z. Para isso, obviamente que a tecnologia ajuda, já que permite melhorias ao nível dos processos, da tomada de decisão, da experiência do cliente e da colaboração interna.

 

Mas, num mundo com cada vez mais dados e informação disponíveis, não se corre o risco de “nos perdermos” em vez de extrair daí conhecimento útil?
Sem dúvida que existe esse risco. Vivemos numa economia da atenção, com inúmeras solicitações que pretendem o nosso tempo e nos retiram o foco. Por um lado, teremos de ganhar mecanismos de defesa – como desligar notificações e disciplinar o número de vezes que olhamos para o telemóvel. Mas penso que os jornalistas terão um papel importante para evitar essa “perda”. Com fenómenos como as fake news e o clickbait, nunca foi tão importante que os jornalistas se assumam como fontes credíveis do bom conhecimento.

 

E como diria que estão as empresas portuguesas em termos de transformação digital?
Ao contrário do que muitos possam pensar, Portugal está muito à frente ao nível tecnológico. Para tal, muito contribuiu a Autoridade Tributária que, por diversas razões, acabou por criar um sistema fiscal altamente desenvolvido e ao qual o software teve e tem de dar resposta. Por outro lado, temos uma rede de internet bastante interessante. A combinação destes dois factores cria condições para um desenvolvimento favorável para a nova era da gestão das empresas – e vemos isso em diversos sectores, como a indústria, por exemplo.
No entanto, muitas empresas ainda necessitam de saber aproveitar a tecnologia. A quantidade de negócios que não tem o básico – como uma loja online – é inacreditável. E hoje há ferramentas simples e acessíveis, que integram os sistemas que já utilizam.

 

Em termos de Gestão de Pessoas, qual é a vossa percepção sobre a importância estratégica que os líderes das empresas dão a esta área?
A Gestão de Pessoas é fulcral para o sucesso da liderança. Na PHC trabalhamos muito a liderança, com formação específica para líderes, sistema de avaliação, coaching, acompanhamento das equipas, etc. Mas vamos ainda mais longe. Cada líder é um gestor de pessoas, responsável pela contratação, acompanhamento e desenvolvimento pessoal e profissional. Obviamente que recebem a devida formação, mas aquela ideia que só os RH é que gerem pessoas está ultrapassada. As competências transversais são cada vez mais importantes e complementares entre departamentos.

 

O que defende ser fundamental, neste âmbito?
Ter líderes com a formação e o propósito indicado para ser o chamado “leading as a service”. Ou seja, o líder tem de ser um facilitador que recomenda, aconselha e desbloqueia problemas. Para isso é preciso trabalhar os líderes e dar-lhes a devida formação. Não acontece por acaso.

 

No vosso caso, em particular, quais os pilares estratégicos da Gestão de Recursos Humanos?
Ter uma cultura trabalhada de forma profissional, com valores e comportamentos por valor muito bem definidos. Depois, ter programas pensados estrategicamente para promover a identificação com essa cultura, que vão desde o plano de acolhimento e integração a um plano de actividades lúdicas e de desenvolvimento pessoal, passando por formação profissional adequada e uma liderança atenta e emprenhada no bem-estar de cada um. Tudo isto suportado por software que nos ajuda a gerir e medir os indicadores-chave de sucesso.

 

A PHC tem recebido várias distinções, nomeadamente como best place to work. O que acredita que o justifica?
As distinções que temos obtido orgulham-nos muito e olhamos para elas como o resultado de uma estratégia que coloca as pessoas no centro da empresa. Apostamos na atitude para a felicidade porque queremos que quem trabalha connosco se sinta bem num local onde passa tanto tempo do seu dia. Levamos o trabalho de Recursos Humanos muito a sério; dá muito trabalho mas também muito retorno.

 

O que pretendem alcançar, num futuro próximo?
Queremos continuar a crescer e a trazer aos nossos clientes as melhores soluções para os desafios modernos da gestão. Tudo isto com uma empresa em que as pessoas se sentem bem e onde sabem que têm um propósito.

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