Missão: transformar a banca tradicional

A Natixis em Portugal é uma verdadeira história de sucesso. Em três anos, o projecto no Porto evoluiu para um hub de inovação que assume como missão transformar a banca tradicional (a partir de dentro), assente no talento português.

 

Por Ana Leonor Martins

 

A Natixis – divisão internacional de banca empresarial e de investimento, de gestão de activos, de seguros e serviços financeiros do Groupe BPCE (Banque Populaire e Caisse d’Epargne) – está em Portugal desde 2017 e até final do ano espera chegar perto dos mil colaboradores. Conta já com mais de 850 e está em processo de recrutamento – que mantém apesar da actual crise pandémica – de mais 130 colaboradores, com a “novidade” de não estarem à procura de perfis tecnológicos, mas também dos das áreas de Direito, Gestão, Finanças e Economia, porque vão passar a dar não apenas suporte tecnológico ao banco, mas também ao negócio.

O director de Recursos Humanos, Maurício Marques, congratula-se com o voto de confiança em Portugal do Conselho de Administração da Natixis, «que claramente viu no mercado de trabalho português o imensurável talento da sua oferta». E afirma: «Somos um exemplo de agilidade, flexibilidade, transparência e quebra de barreiras geográficas e culturais, que são desafios com que o sector bancário actualmente se está a deparar.»

 

O que mais o atraiu no desafio de ir para a Natixis, sendo que estava no Grupo Bosch quase há 20 anos?
Após 18 anos na indústria, desempenhando diferentes cargos, achei que faria todo o sentido uma mudança para uma área diferente, tanto para mim como profissional, por me permitir desenvolver novas competências e uma visão mais global da função de Recursos Humanos, como também para aportar a outro sector – neste caso, o financeiro – o que fui apreendendo no sector industrial.

O projecto da Natixis em Portugal é também uma oportunidade única de participar na construção de uma empresa com a solidez de um grande grupo e a agilidade de uma startup. Este projecto foi um dos maiores investimentos em Recursos Humanos feitos pela empresa e é uma verdadeira história de sucesso.

 

A Natixis tem de facto feito um grande investimento em Portugal. O que acredita que justifica esta aposta?
A Natixis em Portugal é uma verdadeira história de sucesso: iniciámos este projecto do zero e, em menos de três anos, contratámos mais de 800 pessoas nas áreas de Tecnologias de Informação (TI) em Portugal, passando a ser o segundo hub da Natixis na Europa. A escolha de Portugal – e da cidade do Porto – foi um factor decisivo para o nosso sucesso. Ao fazer parte de um ecossistema dinâmico de empreendedorismo e inovação – que agora nos conhece muito bem –, conseguimos encontrar a experiência e o ta- lento que não conseguimos encontrar noutro lugar.

 

O que lhe foi pedido?
Esta fase da vida da Natixis é marcada por uma mistura de continuidade e mudança. Por um lado, vimos de um passado de sucesso, tendo sido criada uma cultura descomplicada, ágil, de fazer-acontecer, necessária a um crescimento rápido, sem descurar o nível de competências, uma vez
que somos o centro de competência de TI para o Groupe BPCE a nível mundial.

Com a deslocação de novas áreas de competência da Natixis para o Porto, torna-se importante alavancar a experiência criada nos primeiros três anos, para assegurar o crescimento que se avizinha. Desenvolver áreas como o Compliance, o Risco ou os Recursos Humanos exige estratégias diferentes, mas mantendo o que até agora nos tornou o que somos. “Going beyond” e “More than just a job” não são apenas frases que escrevemos nas paredes, são compromissos para com o negócio e os nossos colaboradores.

O facto de sermos cada vez mais uma extensão dos serviços centrais da Natixis e de estarmos a entrar cada vez mais no core business da empresa exigirá um maior alinhamento com Paris e permitir-nos-á uma contribuição ainda mais forte para os resultados do negócio.

 

Que prioridades definiu para o assegurar?
Numa primeira análise, foi importante comparar o ponto de partida e para onde queremos ir. Estamos neste momento a preparar a equipa para o crescimento que se avizinha, bem como os processos de Recursos Humanos para melhorar as experiências do candidato e dos colaboradores.

Vermos a equipa aumentar é sempre algo muito positivo e criador de oportunidades. Temos, porém, de assegurar que os aspectos da cultura de que nos orgulhamos são comunicados e reforçados junto dos nossos colaboradores, e para isso temos também de capacitar os líderes da organização com as ferramentas de que necessitam para fazer face à sua responsabilidade crescente.

Os processos têm também de acompanhar este crescimento. Estamos a iniciar a digitalização de processos como a selecção e o acolhimento, de forma a espelharem o carácter inovador da empresa e permitirem gerir o crescimento da equipa de uma forma mais profissional e eficiente. Criámos ainda na equipa grupos de trabalho para, de forma sistemática, utilizarmos a diversidade da equipa na discussão dos processos, no sentido de os melhorarmos.

 

Assumiu funções em Dezembro do ano passado e entretanto o mundo ficou um boca- do “virado do avesso”. Já tinha conseguido implementar algumas medidas?
Os primeiros quatro meses passaram a voar – entre conhecer pessoas, processos e negócio. Tivemos ainda tempo de terminar alguns projectos ambiciosos em curso, como a implementação do primeiro projecto SAP Payroll em Cloud a nível nacional, e definir o plano de Recursos Humanos para o ano corrente, do qual já começamos a ver os primeiros resultados, nomeadamente na digitalização dos processos de recrutamento e acolhimento.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Abril da Human Resources, nas bancas.

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