O meu líder tem garra e apoia-me?

Os líderes dotados de mais garra estimulam a garra dos liderados. Como consequência, os liderados tornam-se mais criativos. Todavia, este efeito tende a ocorrer apenas se os líderes forem também apoiantes.

 

Por Arménio Rego (professor catedrático e director do LEAD.Lab da Católica Porto Business School), Camilo Valverde (professor auxiliar na Católica Porto Business School), Patrícia Medeiros (Human Resources manager no Montepio Crédito) e Miguel Pina e Cunha (Human Resources manager no Montepio Crédito)

 

A criatividade é importante em quase todas as actividades organizacionais. Entendida como capacidade para gerar ideias novas e úteis (para resolver problemas, aproveitar oportunidades, melhorar processos e produtos), é crucial para a inovação e o desempenho das pessoas, das equipas e das organizações. Permite inovar nos produtos e serviços, mas também nos métodos e nos procedimentos de trabalho. Contribui também para a melhoria dos processos. Importa, pois, compreender  as razões que conduzem as pessoas a terem maior desempenho criativo. Muitas pessoas são dotadas de características que as tornam potencialmente mais criativas – mas o ambiente de trabalho é também crucial. Um elemento importante desse ambiente é a liderança.

O que conduz, então, as pessoas a serem criativas? São vários os factores – entre os quais uma característica individual denominada “garra”. Este atributo, traduzido do termo inglês “grit”, representa a combinação de perseverança e paixão por objectivos de longo prazo. As pessoas com garra são mais criativas porque, perante adversidades, erros e fracassos, procuram soluções que lhes permitam prosseguir a meta de longo-prazo.

Ser criativo comporta, todavia, riscos. É arriscado sugerir soluções que colidem com o status quo, a opinião dos colegas ou a perspectiva das chefias. O maior risco é o de a ideia não funcionar. Por conseguinte, a propensão das pessoas com garra para apresentaram ideias novas e úteis é condicionada pelo comportamento do líder. Se a pessoa com garra sentir que não tem o apoio do líder para enfrentar desafios de modo criativo, é possível que se remeta a uma posição defensiva. Consequentemente, as pessoas com garra tendem a ser mais criativas se sentirem que o líder é apoiante e está disponível para encorajá-las e apoiá-las em momentos críticos.

Terão estes argumentos sustentação em evidência empírica? Foi essa a primeira questão que colocamos: serão as pessoas com garra mais criativas se sentirem que os seus líderes são apoiantes? A segunda questão foi a seguinte: como é que as pessoas desenvolvem garra?

A nossa hipótese assentou na noção de que os líderes dotados de garra estimulam a garra dos liderados, através de dois processos: aprendizagem social e contágio socioemocional. Por um lado, os liderados aprendem com os líderes, prestam atenção ao modo como eles actuam. Por outro lado, as emoções dos líderes contagiam, mesmo inconscientemente, as emoções dos liderados. Portanto, é possível que os liderados desenvolvam mais garra se observarem comportamentos de garra dos seus líderes.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Outubro da Human Resources, nas bancas.

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